segunda-feira, 5 de março de 2012

O bambu e a jabuticabeira

Prof. José Carlos Lelli

Estamos em um momento revolucionário do mundo. Todos os campos da ciência e tecnologia estão em vertiginosa ebulição. Todos os dias novas invenções, novas técnicas, novas reformulações da realidade estão chegando e tumultuando nossa limitada possibilidade de assimilação.
Fala-se, com orgulhosa visão, que o homem será robotizado, que a inteligência artificial está batendo à nossa porta. Na medicina apregoa-se, em futuro não remoto, a inserção de mini chips inteligentes em nosso corpo que patrulharão nosso organismo alertando para qualquer alteração que comprometa o seu funcionamento e prevenindo aparecimento de doenças com bastante antecipação. Teremos bancos de órgãos onde poderemos guardar, para possível troca futura, um coração, um rim, todos formados por nossas próprias células-tronco.
Os carros? Os carros seguirão pelas ruas e estradas sem necessidade de motorista, guiados por satélites e com segurança total. Parece um sonho? Parece... Mas, da mesma forma que parecia um sonho ver um jogo na TV realizado em outra parte do mundo, um telefone livre de fios, que tira fotos, filma, paga contas, recebe mensagens que até serve para comunicação e ainda cabe num bolso. É um mundo vertiginoso e maravilhoso que caminha para grandes transformações.
Mas essa realidade, tem seu lado perverso, desumano: ela é seletiva; alija a maioria dos seres humanos, coloca no submundo os pobres, os menos favorecidos. O progresso traz embutido um aviso: quem não tem estudo e cultura, não sobreviverá num futuro não muito remoto. Essa realidade já está batendo em nossas portas. Emprego (e, lógico, sobrevivência) hoje, já está atrelado a uma formação intelectual mais sólida.
Em boa hora chega o projeto “Projeto Ler” do Rotary Internacional, Distrito 4420 cujo objetivo é levar cultura e conhecimento a crianças e adolescentes de áreas carentes que, pela própria estrutura familiar e social, estão fora desse processo. Tenta resgatar inteligências potencialmente poderosas para o mundo. LER propõe aprimorar inteligências potencialmente valiosas para a sociedade. É do hábito de ler que a inteligência se alimenta. É a leitura que molda o cérebro para grandes realizações.
E, de repente, todos que nos envolvemos com esse projeto, nos vimos participantes de uma cruzada de transformação e preparação de mentes. É uma obra silenciosa, escondida, que exige paciência, persistência e crença no ser humano, mesmo que seja pobre e humilde.
Até agora ninguém falou em bambu e jabuticabeira. Pois bem, vamos lá. Na natureza temos dois exemplos que cabem como reflexão para os participantes do nosso “Projeto”. Diz um dito popular: “plantar jabuticabeira é plantar para os netos”. É que se você plantar jabuticabeira não espere colher seu fruto, rápido, mas seus netos se fartarão dela. Ela não tem pressa de crescer, mas quando cresce enche todos os seus galhos de frutos. Não fique frustrado, o “LER” está sendo plantado agora, mas seus frutos se farão presentes no futuro, futuro das crianças e futuro da nação.

E o bambu? É sabido que o bambu, depois de plantado, não sai da terra. Leva muitos anos para soltar o seu primeiro broto. Primeiro forma, lentamente, uma segura teia de raízes que vai se espalhando e se fortalecendo para depois lançar-se aos ares. Mas quando começa, não para mais, vai se avolumando de tal forma que o vento não o consegue derrubá-lo.
Esse é o nosso trabalho, essa é a nossa missão. É humana, é social, é principalmente, patriótica.
Trabalho de formação demora a mostrar resultados, mas virão. A natureza não é imediatista, espelhemo-nos nela. Lembremo-nos do bambu e da jabuticabeira. Vamos em frente. É hora de plantar.

02/03/12

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