A mineira Alessandra Roscoe, 47 anos, poderia continuar criando
histórias infantis confortavelmente do sofá de casa, em Brasília.
Preferiu, porém, encarnar o que ela chama de “espírito mambembe” para
provocar o país de não leitores. Muitos brasileiros nunca saborearam um
conto, romance ou uma poesia.
À pesquisa Retratos da Leitura no Brasil,
realizada em 2015 pelo Ibope, a pedido do Instituto Pró-Livro, 44%
disseram não ter folheado um só livro nos três meses anteriores.
A
última empreitada da escritora, no dia 14 do mês passado, ocorreu na
Esplanada dos Ministérios. Acompanhada de 200 meninos e meninas de 4 a
12 anos, de escolas do Distrito Federal, Roscoe produziu uma revoada de
pipas coloridas. Nelas subiram frases de enredos lidos, desenhados ou
inventados pelas próprias crianças. “Foi para chamar a atenção das
autoridades para a necessidade de formar bons leitores”, afirma a autora
de 34 livros. A ação fez parte do Festival Itinerante de Leitura Uni
Duni Ler Todas as Letras. Essa terceira edição começou em maio deste ano
e só terminará em março de 2017.
O projeto atua em várias
frentes. Uma delas partilha literatura com bebês. “Mesmo que não
entendam totalmente o texto, fica a semente do prazer.” Outro, o
Caixinha de Guardar o Tempo, estimula idosos a acessar suas memórias.
Oficinas capacitam mediadores de leitura em hospitais, casas de repouso,
salas de aula, parques e associações de moradores. Algumas
apresentações são shows com encenações, acompanhadas por violão.
Autores, editores, ilustradores e músicos integram a trupe, que sai por
aí seduzindo um público novo.
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